A fase da adolescência é alvo de muitos estudos na área da psicologia, pois além de ser vista como um período repleto de descobertas e momentos inesquecíveis, é também um período de conflitos pessoais. Nesta fase, o tema "perdas" também está presente em vários momentos, desde a perda de características infantis, que ocorrem através das transformações do corpo, até o abandono dos brinquedos e da constante mudança no ciclo de amizade. É um momento onde se tem sonhos, ilusões e perspectivas de realização pessoal, amorosa e profissional, um período onde toda energia psíquica e emocional está voltada para construção do seu lugar no mundo e para consolidação de sua identidade.

Então como tratar e pensar em morte meio a tantas construções e sonhos?

Essa questão é vista como bastante difícil nesta fase da vida, pois falar de morte é tido como uma desconstrução de ideais.

O adolescente tem a compreensão da morte como irreversível e universal, de ordem da dor, mas que se encontra muito distante de sua realidade. A morte quando presente na vida de um adolescente pode ser vista como superficial, ou seja, se fala da morte, mas não se aprofunda, não se pensa muito acerca do assunto. Para o adolescente a morte não ocorrerá nesta fase de sua vida.

Quando o adolescente não está preparado psicologicamente para uma perda, ele acaba criando barreiras para se proteger desse sofrimento, porém sua forma de vivenciar o luto é mais intensa do que a dos adultos. Suas formas de demonstração sobre esse sentimento, gerado pela quebra de um laço afetivo, podem se dar de diferentes maneiras, sendo as mais comuns: explosões de raiva, agressões verbais e físicas, necessidades de esportes radicais, abusos de álcool, drogas, medicamentos e silêncio excessivo, não dando atenção e nem comentando sobre o ocorrido.

Porém, o fato do adolescente não falar muito sobre o assunto não quer dizer que ele não sofra com a perda, esta é apenas a maneira dele lhe dar com o ocorrido, que é característica da idade e da fase de vida em que se encontra.

Nágela G. Caires Sousa

Psicóloga graduada pela UEMG – Faculdade Estadual de Minas Gerais.

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